26 novembro, 2007

A Governanta





Um certo dia encontrava-me em um país distante do meu e talvez por isso a melancolia se acercava de mim. O país para seu conhecimento era a Áustria e eu me encontrava próximo a um monumento que reverenciava fatos históricos dos antepassados daquela gente tão hospitaleira.
Absorto e melancólico não percebi que um vulto se aproximava de mim e ao deparar-me com o detentor do vulto, a princípio me assustei, mas fui retomando a calma após identificar de quem se tratava.
Era uma jovem muito bonita de pele bronzeada pela maneira como vivia, quase em total liberdade dentro da natureza. Tinha um lindo par de olhos de íris acinzentada, lábios carnudos, pernas torneadas e apesar da veste bastante composta, deixava transparecer na linha da cintura umas belas curvas.
Isso tudo me despertou a atenção em poucos segundos, sendo que um outro fator me chamou ainda mais a atenção, pelo fato de que ela trazia carinhosamente nos braços um linda criança.
Era uma cigana, uma linda cigana. Olhou para mim com um olhar doce e penetrante, como se lesse a minha mente. Perguntei se ela estava querendo ler as minhas mãos e ela respondeu que não. Indaguei-lhe então sobre a criança e ela não soube ou não quis me informar se era filha ou apenas estava conduzindo- á a pedido da mãe.
Bem, se não queria ler a minha mão, perguntei-lhe então se queria ajuda financeira, alguns trocados. Ela disse que sim, não estava esmolando e para fazer jus ao que eu viesse a lhe dar, me contaria uma estória local Concordei, pois já me sentia melhor da melancolia e também a minha curiosidade estava a todo vapor. Ela iniciou o relato assim:
" Aqui mesmo, neste país, nesta cidade, viveu um homem muito rico e poderoso. Dirigia seus negócios com mão de ferro e nunca perdoava seus competidores ou oponentes.
Nunca se casou porque tinha medo de amar a alguém e com isso ter que partilhar seus bens adquiridos com tamanho esforço.
Envolveu-se em tudo que foi negócio limpo ou escuso não importando a quantos causaria infortúnios.
Dentro da alta sociedade era respeitado e admirado.
Pois bem; esse homem aspirava um alto cargo político dentro da governadoria de seu Condado, mas um pré-requisito para alcançar tal posto era que o pretendente tivesse um filho homem que na falta do pai ocuparia seu lugar vitalício.
Esse homem tinha sob sua responsabilidade duas camareiras jovens que lhe prestavam todo tipo de serviço por boa remuneração.
Diante de sua necessidade de apresentar à sociedade um herdeiro, coabitou com a mais jovem das camareiras lhe prometendo as maiores vantagens que uma pobre camponesa como aquela jamais poderia conseguir.
Quando a criança nasceu a governanta mãe já não tinha certeza de que mereceria do patrão-marido a atenção que lhe fora prometida e começaram os desentendimentos.
Um certo dia estando em companhia do patrão reivindicando algumas de suas promessas, aproximou-se deles uma cigana com um bebê no colo. Ela estava muito maltrapilha e exalava odores desagradáveis. Aproximou-se mais ainda e tocando no braço do implorou uma ajuda. Ele repeliu a mulher, empurrou-a para cima de uns sacos de lixo amontoados e com toda irritação que se possa imaginar gritou: odeio pobre, Sua fiel camareira-camponesa-mãe, que apesar do patrão não desconfiara, era também uma judia. Sentiu-se horrorizada e arrependida pelo fato de conceber uma criança daquele insensível homem.
Alguns dias após esse pequeno incidente, o pai da criança organizou um jantar para casais membros da corte, para que, durante a recepção ele apresentasse seu lindo rebento, herdeiro oficial e possível causador de sua nomeação para cargo tão ambicionado.
Por ocasião do jantar, em determinado momento, a mãe da criança, tomando-a nos braços saiu pelos fundos da casa e passou a divagar pelas ruas com a criança no colo sem destino determinado.
Minutos após o anfitrião anunciou que iria apresentar seu filho aos convivas. Mandou que a outra governante fosse buscá-lo. Ao chegar ao quarto do recém-nascido a segunda governanta não encontrou o bebê no berço e olhando pela janela pode avistar ao longe que a mãe estava fugindo com a criança. Ela empreendeu perseguição à jovem mãe, quando de repente, esta parou à beira de um penhasco e se atirou ao mar juntamente com a criança. A governanta , a outra, assistiu a tudo petrificada, quando de repente percebeu um vulto atrás de si e ao virar-se deparou-se com uma cigana suja, maltrapilha, mal odorizada e com uma criança nos braços.
A governanta olhou para ela, tirou do cós de sua saia uma bolsa contendo suas economias em moedas de ouro. E num lance de brilhante inteligência, próprio das governantes, trocou com a cigana, que era a mesma judia citada anteriormente, as moedas pela criança.
Voltou apressada asseou o garoto judeu filho da cigana, vestiu-o e apressada e ofegante levou-o à presença do patrão e seus convidados.
O patrão bem que notou a troca mas não poderia questionara o que estava havendo, pois ambicionava muito aquele cargo.
Todos acharam, mesmo com falsidade, que era uma criança linda. E um dos convidados ilustre quis saber do pai qual seria o nome que ele daria à criança.
O pai todo orgulhoso respondeu: Adolfo Hitller"."

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