
No início havia mais clareza, mais objetividade, mais concisão. O macho era macho mesmo e a fêmea, essa também, era fêmea mesmo.
Era quatro horas da manhã quando pela primeira vez Adão sentiu o cheiro da maçã e até hoje, não se sabe ao certo se foi Adão que comeu a tal maçã, se foi a maçã comida pela cobra, se foi a cobra que comeu o Adão ou se foi Adão com raiva que pegou na cobra e introduziu-a na maçã ou se não foi Eva que inventou tudo isso.
O que podemos afirmar é que Adão era mesmo macho (Yang) e Eva é claro, era fêmea (Yan) e que na natureza, desde a origem, pólos iguais se repelem e sempre irão se repelir (será ?) e pólos diferentes vão se atrair. Após nove meses, depois daquele mal entendido, Eva paria Caim e Abel, ambos positivos (Yang).
Quando nasceram Adão mais orgulhoso com o fato, mais que Eva, em pleno gozo de suas prerrogativas patriarcal, apontava para os rebentos e segurando na cabeça da cobra, gritava para ela: é macho...´´e macho.... Mais filhos tiveram e igualmente, de acordo com as circunstâncias, continuaram a gritar , é fêmea, é macho,. Quando era fêmea quem pegava na cabeça da cobra era Eva. A coitadinha, a cobra, com o tempo de tanto um e outro pegar, já vivia de cabeça inchada
Fora dos portões do Jardim do Éden. os dois, Adão e Eva, suavam lutando pela sobrevivência, mas assim mesmo estavam felizes que podiam continuar fazendo sacanagem que no futuro seria denominada de amor.
Séculos e séculos se passaram e me debruço sobre o passado espreitando o futuro vendo no presente tamanhas transformações e deformações.
As cobras de hoje já não têm aquela preferência pelas maçãs ao ponto de gerarem conceitos cada vez mais sombrios de que é, nos dias atuais, cobra engolindo cobra.
Os casais de hoje contrariam as leis básicas da natureza e pólos idênticos já não se repelem e a cada tempo que passa se atraem cada vez mais. Antes Adão casava com Eva ou Eva e Adão se atraíam. Agora é João com João, Mane com Mane, Maria com Maria e assim por diante.
Os Adãos e as Evas do passado se enchiam de planos, durante a maternidade, sendo que um queria que o rebento fosse macho e o outro, quase sempre, desejava a fêmea.
Hoje, ao desejo curioso dos fatos, junta-se a realidade mórbida de um planejamento mais intenso: - um quer que seja macho o outro fêmea e em alguns casos, que está se tornando maioria, dão preferência a que seus rebentos venham a ser bicha, veado, baitola, bambi, boneca, fresco, viadim, engole cobra, mandraque, gay, sapatão, entendida, lésbica, simpatizante, etc..
Infelizmente ou talvez não, já não se fazem Adãos e Evas como antigamente e as maçãs estão inchadas nos pés à espera da cobra que possa um dia vir a lhes comer.