25 novembro, 2007

Jogo de Interesses


O progresso é algo necessário na vida do ser humano, pois não fosse assim, creio que a raça humana já estaria em extinção. Acredito que o excesso de progresso também criará ou abreviará nosso fim.
Quando criança aprendi a ser fraterno, a dividir o pouco que tinha com os que tivessem menos que eu. Isso era ensinado nas escolas, nos lares, nas igrejas, nos teatros, nos circus, etc.
Dizer sim era para os nobres, para os puros de coração; hoje dizer sim é sinal de fraqueza já ensinam os professores, os psicólogos, os clérigos, os evangélicos, os pais de santo, os mendigos, as prostitutas, etc.
Pois bem, o que lhes passo a relatar indica bem o estado de espírito em que nos encontramos atualmente ou melhor a prevalência do Jogo de Interesses em detrimento de uma solução amena e benéfica para o ser humano:
" Numa pequena cidade do interior de uma grande capital, relato assim de propósito, indicando o milagre mas omitindo o nome do santo.
Moravam duas famílias: uma exuberantemente rica a outra apenas rica, não de bens materiais, mas sim de virtudes.
O chefe da família abastada beirava seus cinqüenta anos de idade. O da família modesta também. O chefe da família rica e sua prole possuía entre outros bens, postos de gasolina, frota de táxis, canaviais, usinas de cana de açúcar, haras, clubes, lojas de variedades e ainda por cima praticava agiotagem. Não uma agiotagem aberta. Apenas ao emprestar algum dinheiro aos amigos dizia que não queria juros mas gostaria que seu capital retornasse acompanhado de um agrado que poderia vir a permear em torno de seus vinte por cento.
O outro pai de família, o eleitor que se deixava sempre enganar pelas promessas dos candidatos do pai de família rico, tinha também um grande patrimônio, um grande tesouro, que era sua única filha, pois sendo viúvo, sua mulher morrera de tanto passar fome, era sua filha que lhe cuidava carinhosamente e partilhava de seus problemas que não eram poucos.
Quis o destino que a filha do menos afortunado materialmente fosse trabalhar em um dos estabelecimentos do supramencionado ricaço.
O pai adorado e adorável se transformava em uma verdadeira fera no que tangia a defesa , os interesses e a hora de sua mui amada filha e dizia sempre que se algum dia alguém lhe fizesse qualquer tipo de desfeita ele reagiria com a mais extrema das violências.
O certo é que trabalhando na loja do patrão rico, sendo a filha pobre muito bonita, atraiu a atenção do patrão e depois de muita sedução (nhem,nhem,nhem) houve um infeliz colóquio e desse colóquio surgiu o inevitável...uma gravidez.
A situação para o patrão rico era insustentável, pois sendo casado e pai de filhos, a menina ainda menor, por certo teria sua vida arruinada se algo dessa natureza viesse a público ou se alguém buzinasse no ouvido de sua mulher, uma verdadeira fera.
Mesmo correndo perigo de morte procurou o pai pobre, o fera, e expôs o problema anunciando desde já a solução.
Já que a garota estava comprovadamente grávida ele assumiria a paternidade sigilosamente e firmava o seguinte compromisso: se o rebento a nascer fosse homem ele daria ao pai da moça, para ajudar no custeio do neto, dois postos de gasolina e uma fábrica de celulose e se fosse menina, duas fazendas e uma mansão na capital. Mas se ela por um motivo qualquer abortasse. Ao ouvir a última frase o pai pobre fera interrompeu seu interlecutor e num tom quase agressivo gritou: aí você faz outro."
Aí pergunto-lhe paciente leitor: é ou não é fato comprovado que hoje em dia tudo não passa de um jogo de interesses ?
E você, sendo o pai da moça, o que faria ?

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