17 maio, 2008

Sonho ou Pesadelo


Talvez seja o peso da idade, mais ultimamente venho sentindo um cansaço que me parece não ser físico e sim mental. Durmo e sonhos estranhos me afloram, acho que de meu inconsciente e quando acordo quase sempre esqueço o que sonhei. Ontem, foi assim.
Sonhei que ao visitar um país estrangeiro e como em sonho tudo é possível, acompanhava-me um sincerone daquele país que fazia a todo momento esplanações de tudo que se passava ao nosso redor. Não recordo o nome do país mais lembro das informações: era um país de dimensões continentais, muito populoso, com muitas leis benéficas ao povo em geral. Se você fosse pobre e roubasse algum alimento, para se alimentar ou a um de seus entes queridos, na teoria, seria perdoado através de um artigo da Lei (furtos fomélicos), mais com certeza alguma autoridade acharia que quem furta um tostão, furta um milhão, e o infrator receberia uma boa prisão, mesmo porque, policiais zelosos de suas funções, já teriam aplicado uma boa sova ao meliante.
Ao mesmo tempo, pessoas que se envolvessem em qualquer tipo de patifaria, tais quais mensalão, cartões corporativos, compra de votos, malversação de dinheiro público, super faturamento em licitações, contrabandistas, traficantes de alta periculosidade, parlamentares os mais corruptos possíveis, estes sim, dependendo de sua posição sócio-financeira responderiam aos processos em liberdade, sob o manto cuidadoso da justiça e lhes são garantidos entre muitos direitos o de processarem criminalmente a algum pobre coitado ou desavisado jornalista que por azar venha a insinuar qualquer tipo de comentário que o elemento tenha tido, mesmo que se trate de um comentário verdadeiro. Esse país tem uma população muito festeira, porém, por haver uma distribuição de renda das mais pervessas do mundo, a maioria, talvez por falta de emprego, como também por malandragem, preferem a vida de furtos e tantas outras falcatruas. O Estado não alisa couro de pecador e quando o sujeito é pego com a boca na botija, se pobre, vai para o xilindró. Os que têm dinheiro ou posição social, às vezes morre de velhice e nunca são julgados. Os advogados arquitetam tantas artimanhas que no final acaba o Estado indenizando o corrupto. Os pobres diabos infratores, estes sim, são trancafiados em celas confortáveis na visão dos governantes e numa minúscula cela onde caberiam dez apenados, são alojados quarenta a cinqüenta elementos. Nesse país a moda carcerária do momento é colocar uma criança ou adolescente do sexo feminino trancada em uma sela com vinte, trinta, quarenta marginais do sexo masculino e as autoridades judiciárias, as mais bem pagas do mundo, nada fazem a respeito, a não ser as falácias de sempre. Nesse país o funcionário público nunca chega ao seu trabalho na hora certa. Se alguém achar ruim eles mostram logo a plaquetinha: ofender ou desacatar funcionário, pena de seis messes a um ano. Esse país do meu sonho ou pesadelo tem uma população numerosa de pessoas de pele escura mais se você disser que essa pessoa é negra, crioula, chiclete de onça, tição e outras, ainda que seja num momento de descontrole emocional, você está sujeito a ir para a cadeia e pagar indenização por danos morais. Tem que ser educado e se referir ao seu irmão de cor com termos afro-descendente, afro-brasileiro, moreninho, da cor, e com muito paparico. Chame de veado, puto, côrno mais não chame de negão advertiu-me meu guia. Tem uma Lei nesse país muito interessante: se você mata um pai de família vai preso, paga fiança e responde ao processo em liberdade. Matou um passarinho fica preso incomunicável. Armas aqui só para a polícia e bandido. Cidadão comum, não. Se um cidadão comum reagir a um assalto e machucar um bandido é preso e os Direitos Humanos se encarregam de proteger a vítima, ou seja, o indefeso bandido. O meliante, o cidadão de bem que maldosamente se defendeu deve ir para o xilindró. Portadores de doenças graves, se pobres, necessitam entrar na justiça. Para que possam receber tratamento médico adequado. Normalmente morrem antes de iniciar o tratamento devido à morosidade no encaminhamento do processo. Donos de terra, se não contratarem jagunços armados para proteger seus terrenos, terão suas terras , quando não invadidas, estrupiadas, plantações destruídas e gados abatidos pelos sem terra invasores, com o apoio das autoridades que são benevolentes com esse tipo de coisas.A imprensa desse país até que tenta denunciar ao público algumas irregularidades mais volta e meia estão se vendo envoltas em processos indenizatórios por danos morais e mais cedo ou mais tarde os poderosos com certeza irão criar uma Lei chamada Mordaça que proibirá o jornalista de publicar fatos desonestos cometidos por autoridades e seus protegidos. Lamentava o fato, meu orientador, do país cobrar tantos impostos do povo; acredita ele que um dia esse povo pacífico vai acordar e dar um grande grito contra tanta cobrança nos minguados salários deles e acrescentou que os pequenos são perseguidos e têm seus bens seqüestrados ou tomados em aresto pelo Estado.Os grandes devedores, principalmente se for autoridade coloca-se panos quentes e as facilidades ilegais continuam entra ano, sai ano, entra dirigente, sai dirigente.
Depois de ver, em sonho, o desmantelo daquele que poderia ser um grande país, uma grande nação, não fosse o descaso, a incompetência, a mão leve de alguns dirigentes, comecei a ver tumultos. Pessoas fardadas tentando arrombar um supermercado, portando cada uma um penico na mão e curioso perguntei: de que se trata ? Quem são? Respondeu-me o guia: é a classe militar se revoltando por melhoria salarial pois em relação ao salário mínimo do país estão muito defasados e seus chefes civis aos quais são subordinados esses militares não lhes acenam com qualquer melhoria porque não gostam de comparações; dizem a toda hora que se não estão satisfeitos que saiam e vão pousar de galo noutro galinheiro. Achei isso um ultraje, mesmo não pertencendo a esse país do sonho. De repente houve uma grande explosão e despertei nesse exato momento, suado, respiração ofegante, ainda assustado e me lembrava apenas de parte do sonho-pesadelo. Foi quando percebi que a explosão havia sido o barulho do motor do fusquinha 72 de meu vizinho que se preparava para mais um dia de labuta.Respirei aliviado e agradeci aos céus por ter acordado e nunca ter vivido num país assim tão sem esperança. Não sei se existe por aí afora, nesse mundo de meu Deus, país semelhante àquele do sonho. Se existe que Deus olhe muito por esses condenados e que um dia esse mesmo país venha a se tornar um paraíso como é o nosso Brasil com autoridades íntegras e o povo de uma honestidade incomum. Um povo competente, trabalhador, honesto e que tem uma das maiores virtudes que é a de saber escolher seus dirigentes através do sufrágio universal, o voto direto. Hoje ao me deitar, vou fazê-lo com muita cautela, orando com mais fervor para que nunca mais sonhe com tanta atrocidade. Recomendo a todos para que orem também a fim de que continuemos no caminho do bem que sempre trilhemos. Nós e as autoridades.

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